2010, artigos, Sociologia

Misticismo do cálculo e a ascese consumista: razão e fé no “crer sem pertencer” e no neopentecostalismo

TOTARO, Paolo. Misticismo do cálculo e a ascese consumista: razão e fé no “crer sem pertencer” e no neopentecostalismo. Religião e sociedade, vol.30, n.1, pp. 81-100, 2010.

A cultura do cálculo engendra duas formas de individualização: 1) o isolamento do indivíduo como “peça” nos processos formalizados (nos repetitivos ciclos do consumo e na lógica organizacional da burocracia), o qual coloca a consciência numa condição de heteronomia; 2) a liberdade do homem decorrente da possibilidade de controlar a natureza física e social, que desenvolve uma condição de autonomia da consciência. Na última vertente, o cálculo acaba por lidar com seus próprios limites e, portanto, está destinado a agir no limiar do misticismo. As duas principais formas de desinstitucionalização religiosa de nossos dias, quais sejam, a representada pelos movimentos neopentecostais (de recorte consumista) e a chamada “secularização encantada” (de recorte místico), remontam àquelas duas forças individualizantes da cultura do cálculo.

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